domingo, 14 de julho de 2013

PREGUIÇA MAGAZINE - Entrevista com os Criadores

Publicado na pág. 40 do JORNAL DE LEIRIA de 11 Julho de 2013
Transcrito com a devida vénia

Entrevista
Cláudio Garcia, Ricardo Graça, Pedro Miguel e Paula Lagoa, criadores da Preguiça Magazine
Criaremos uma secção sobre a baba de caracol!
Jacinto Silva Duro jacinto.duro@jornaldeleiria.pt
A Preguiça Magazine acaba de abrir uma franchise em Coimbra. O que se segue? O País? A Europa? O mundo? Freixo de Espada à Cinta?
Coimbra surgiu porque um grupo de malucos como nós se lembrou que a nossa preguiça precisava de uma irmã. Se não for possível crescer para outras cidades talvez apostemos na Galáxia 2000. Acreditamos ser um lugar com muitas histórias para contar e de sucesso, à partida, garantido. Estamos em negociação com a gerência e dada a situação de crise no País, talvez aceitemos pagamento em géneros. Por outro lado, o Pedro Miguel quer avançar até Badajoz. Ainda não é certo porque outros preguiçosos acham que esta pode ser a oportunidade de recuperar Olivença, Ceuta ou até mesmo a Ilha da Madeira.
Ainda há vem vos diga que não nada para fazer pelas bandas de Leiria?
Acreditamos que ainda há quem o diga, mas pelo menos já não o dizem a nós. Isto foi só uma forma de criar um escudo protector, tipo bolha Actimel, contra gente chata que não tem nada para fazer e também não procura o quê.
Quatro amigos, com boas ideias sobre imprensa online, reuniram-se e fez-se um fenómeno de popularidade chamado Preguiça… Afinal. Era assim tão simples criar uma publicação que quase toda a gente ama?
Pra já, queremos deixar bem claro que não somos amigos e que até nem gostamos muito uns dos outros. Isto de ser amado por muita gente ao mesmo tempo é uma coisa complicada. Há doenças venéreas que ainda ninguém provou não se transmitirem online… Pessoas que amam toda a gente também não costumam ter a vida fácil, às vezes acabam pregadas na cruz e depois é uma chatice para as tirar de lá, são precisos pelo menos três dias. A Preguiça é um conceito bastante óbvio que qualquer pessoa pode desenvolver desde que tenha um ZX Spectrum com ligação à Internet pelo telefone. Nós não o fizemos mais cedo porque somos preguiçosos.
Lembram-se como surgiu a ideia de criar a revista online? O que estavam a fazer, o que estavam a falar?
É quase certo que não estávamos a fazer nada de jeto, caso contrário seria impossível ter a conversa que levou ao nascimento da Preguiça. De onde se conclui que às vezes, a inércia é o melhor remédio, sobretudo se for cultivada ao longo de algumas dezenas u centenas de almoços. Mas é justo reconhecer que tudo se deve ao Correio da Manhã porque foi lá que dois dos preguiçosos se conheceram. Portanto, se o Vitor Direito não tem fundado o primeiro tlablóide português em 1979, hoje não existia a Preguiça Magazine. Dá que pensar, não dá?
O que faz com que a Preguiça seja alvo de tanta popularidade? Os temas inesperados O tom leve, descontraído e de brincadeira dos artigos? Outra coisa qualquer?
Talvez as pessoas achem piada ao facto de um grupo de idiotas – e mais uma dezena de pessoas – os nossos mais próximos colaboradores – trabalharem sem receber durante seis meses. Com tanto salário em atraso no País, mais o desemprego, é natural haver um sentimento de identificação.
Música, cultura e artes em geral são os temas que caem sob o vosso escopo… quando vamos assistir à criação de mais um espaço, destinado apenas à permacultura?
Por acaso já abordámos a temática, mas primeiro vamos criar uma secção sobre pessoas que batem punho e outra sobre os efeitos da baba de caracol nas tribos nómadas da Sibéria. Também queremos publicar um conjunto de reportagens sobre o facto de estar calor em Julho e os portugueses aproveitarem a fim de semana para ir à praia. Sem esquecer os idosos alentejanos que procuram as sombras dos parques públicos e a água fresca das fontes comunitárias. Mas é melhor não adiantar mais nada senão a SIC ainda nos rouba esta ideia.
Se não estivessem ocupados a ser preguiçosos, o que estariam a fazer?
Estaríamos a fazer o que sempre fizemos. Ajudar no serviço religioso da Igreja Maná da Pampilhosa da Serra a traduzir a obra do José Rodrigues dos Santos para latim, a escrever letras para o Nel Monteiro e a investigar a fundo os benefícios do aloé vera na vida sexual dos mosquitos.
Se vos pedissem para se auto-caracterizarem, que adjectivos escolheriam?
Ricardo Graça: patibular, retrouceiro; Paula Lagoa: encafifada, gangenta; Pedro Miguel: umidífobo, inadimplente; Cláudio Garcia: cambaio, apotropeico.
Certo! E ainda falta muito para enriquecerem?
Não, falta muito pouco. Aliás, combinámos enriquecer no domngo, mas como ficou para de manhã não deu. Adiámos para sexta antes do almoço. Se Deus quiser, fica resolvido.

Os preguiçosos de serviço nesta Magazine online são Cláudio Garcia, 37 anos, jornalista e baterista. Ricardo Graça, 33 anos, fotojornalista e músico. Pedro Miguel, 38 anos, jornalista, escritor, DJ e autor de programas de rádio e Paula Lagoa, 31 anos, jornalista, empregada de bar e activista dos direitos dos animais.

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