domingo, 22 de dezembro de 2013

RAUL CALANE DA SILVA - NATAL QUE DESEJO

Querida(s) amiga (s), querido (s) amigo(s)
Querida(s) irmã(s) e querido(s) irmão(s) espiritual (ais)

            Tiremos com muito Amor Jesus-Nós das palhas dos estábulos, das ruas lamacentas, dos becos palúdicos, das casas precárias e paupérrimas e, meigamente, aconcheguemos o Nós-Jesus com mãos de amparo, de partilha, de verdadeira fraternidade solidária para que a vida comece a renascer com mais Luz.
            Nestes Tempos já Chegados não percamos mais horas terrestres no fausto das consoadas repletas de brilho consumista e, com coragem e verdadeira compaixão, plantemos em cada dia do ano a verdadeira árvore de Natal na casa dos mais carenciados, ensinando-lhes a ler e a escrever, dando-lhes formação e, em comunhão, abrir também poços, arar os campos, construir estradas e pontes para que a multiplicação do pão se faça, para que um novo sorriso brote espontâneo dos lábios sequiosos e das bocas famintas e saiamos de vez do ciclo vicioso da pobreza.
         Atenuemos, assim, a distância ainda prevalecente entre Nós e Jesus, entre o Deus que habita em Nós e Nós-Mesmos e assumamos sem medo a nossa divindade, assumamo-la sem mais delongas para que cada Ser Humano se descubra como Divino, como Ser Misericordioso e repleto de Compaixão para, deste modo, podermos libertar de vez o nosso planeta do sangue das guerras, das injustiças atrozes, das pavorosas assimetrias sócio-económicas.
         Consequentemente e em resposta, a Natureza, agredida pelos nossos ódios, pelas nossas raivas e rancores, pelo nosso orgulho e ambições materialistas sem limite, comece a atenuar a presente revolta legítima contra nós, manifestada pela fúria dos elementos – tempestades medonhas, tsunamis e terramotos devastadores, secas horrorosas – a Natureza, libertada dessas energias tão negativas, insufladas e criadas por Nós, possa também, e finalmente, voltar a ser a nossa companheira amiga, o lar que o Criador Incriado nos deu para o habitarmos com Equilíbrio, Sustentação e Amor.
         Queridas e queridos irmãs e irmãos, amigos e família espiritual.
         Façamos renascer Jesus, fazendo renascer em Nós o Amor Incondicional e, com Ele, a Paz tão necessária e urgente! Só assim podemos desejar com Amor um FELIZ E SANTO NATAL PARA TODOS!
         Um grande abraço deste vosso servo e eterno servidor,
                                              Raul Calane da Silva
                                                 (Inhambane, Natal de 2013)


         

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

ANOITECER NO SOWETO - de OSWALD MBUYISEMI MTSHALI

ANOITECER NO SOWETO

O anoitecer vem como
uma doença temida
que se escoa pelos poros
de um corpo saudável
e devastando-o sem remédio
A mão de um assassino,
à espreita nas sombras,
apertando o punhal,
derruba a vítima indefesa.
Eu sou a vítima.
Estou abatido
todas as noites nas ruas.
Estou encurralado pelo medo
roendo meu coração tímido;
na minha impotência eu definho.
O homem deixou de ser homem
O homem tornou-se besta
O homem tornou-se presa.
Eu sou a presa;
Eu sou a pedreira a ser demolida
pela besta de saqueadores
solta ao cair da noite cruel
de sua jaula da morte.
Onde é o meu refúgio?
Onde estou eu seguro?
Não na caixa de fósforos, que me serve de casa
Onde estou barricado contra o anoitecer.
Tremo aos seus passos esmagadores,
Tremo às suas pancadas ensurdecedoras na porta.
"Abre!" grita ele como um cachorro raivoso
Sedento do meu sangue.
Anoitecer! Anoitecer!
És meu inimigo mortal.
Mas por que nasceste tu?
Por que não pode ser já dia?
Dia para sempre?
OSWALD MBUYISEMI MTSHALI

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

É OUTONO - Novo Poema de Deolinda Domingues Alves

Um poema de Deolinda Domingues Alves, que celebra as alegrias da estação do ano antes da chegada do Inverno.
É o "invulgar cromatismo" das árvores e da própria Natureza, a chuva, o aroma dos frutos, as uvas e as castanhas assadas...


É OUTONO

E a Natureza
Numa encenação artística
Veste-se, com elegância,
Dum invulgar cromatismo,
Plena de poesia
E de romantismo

As árvores prendem as folhas
Já amarelecidas
Que dançam
Debaixo dos seus ramos
E tombam no chão,
Já desfalecidas



A chuva
Tão desejada,
Cai sobre a terra em pó,
Onde a sede corre

Já sentimos o aroma dos frutos
Duma época tão pródiga!

As videiras,
Nas encostas e nos vales
Duramente modelados,
Oferecem-nos as suas uvas



E, em festa,
Vai o lavrador cortando,
Pisando,
Envasilhando...
O doce sumo
Para obter o delicioso néctar

Depois lá estão
As castanhas a assar;
- Quentes e boas!
Oh! Que rico manjar

Deolinda Domingues Alves
Leiria

Fotos de Fernando Ferreira