domingo, 22 de dezembro de 2013

RAUL CALANE DA SILVA - NATAL QUE DESEJO

Querida(s) amiga (s), querido (s) amigo(s)
Querida(s) irmã(s) e querido(s) irmão(s) espiritual (ais)

            Tiremos com muito Amor Jesus-Nós das palhas dos estábulos, das ruas lamacentas, dos becos palúdicos, das casas precárias e paupérrimas e, meigamente, aconcheguemos o Nós-Jesus com mãos de amparo, de partilha, de verdadeira fraternidade solidária para que a vida comece a renascer com mais Luz.
            Nestes Tempos já Chegados não percamos mais horas terrestres no fausto das consoadas repletas de brilho consumista e, com coragem e verdadeira compaixão, plantemos em cada dia do ano a verdadeira árvore de Natal na casa dos mais carenciados, ensinando-lhes a ler e a escrever, dando-lhes formação e, em comunhão, abrir também poços, arar os campos, construir estradas e pontes para que a multiplicação do pão se faça, para que um novo sorriso brote espontâneo dos lábios sequiosos e das bocas famintas e saiamos de vez do ciclo vicioso da pobreza.
         Atenuemos, assim, a distância ainda prevalecente entre Nós e Jesus, entre o Deus que habita em Nós e Nós-Mesmos e assumamos sem medo a nossa divindade, assumamo-la sem mais delongas para que cada Ser Humano se descubra como Divino, como Ser Misericordioso e repleto de Compaixão para, deste modo, podermos libertar de vez o nosso planeta do sangue das guerras, das injustiças atrozes, das pavorosas assimetrias sócio-económicas.
         Consequentemente e em resposta, a Natureza, agredida pelos nossos ódios, pelas nossas raivas e rancores, pelo nosso orgulho e ambições materialistas sem limite, comece a atenuar a presente revolta legítima contra nós, manifestada pela fúria dos elementos – tempestades medonhas, tsunamis e terramotos devastadores, secas horrorosas – a Natureza, libertada dessas energias tão negativas, insufladas e criadas por Nós, possa também, e finalmente, voltar a ser a nossa companheira amiga, o lar que o Criador Incriado nos deu para o habitarmos com Equilíbrio, Sustentação e Amor.
         Queridas e queridos irmãs e irmãos, amigos e família espiritual.
         Façamos renascer Jesus, fazendo renascer em Nós o Amor Incondicional e, com Ele, a Paz tão necessária e urgente! Só assim podemos desejar com Amor um FELIZ E SANTO NATAL PARA TODOS!
         Um grande abraço deste vosso servo e eterno servidor,
                                              Raul Calane da Silva
                                                 (Inhambane, Natal de 2013)


         

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

ANOITECER NO SOWETO - de OSWALD MBUYISEMI MTSHALI

ANOITECER NO SOWETO

O anoitecer vem como
uma doença temida
que se escoa pelos poros
de um corpo saudável
e devastando-o sem remédio
A mão de um assassino,
à espreita nas sombras,
apertando o punhal,
derruba a vítima indefesa.
Eu sou a vítima.
Estou abatido
todas as noites nas ruas.
Estou encurralado pelo medo
roendo meu coração tímido;
na minha impotência eu definho.
O homem deixou de ser homem
O homem tornou-se besta
O homem tornou-se presa.
Eu sou a presa;
Eu sou a pedreira a ser demolida
pela besta de saqueadores
solta ao cair da noite cruel
de sua jaula da morte.
Onde é o meu refúgio?
Onde estou eu seguro?
Não na caixa de fósforos, que me serve de casa
Onde estou barricado contra o anoitecer.
Tremo aos seus passos esmagadores,
Tremo às suas pancadas ensurdecedoras na porta.
"Abre!" grita ele como um cachorro raivoso
Sedento do meu sangue.
Anoitecer! Anoitecer!
És meu inimigo mortal.
Mas por que nasceste tu?
Por que não pode ser já dia?
Dia para sempre?
OSWALD MBUYISEMI MTSHALI

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

É OUTONO - Novo Poema de Deolinda Domingues Alves

Um poema de Deolinda Domingues Alves, que celebra as alegrias da estação do ano antes da chegada do Inverno.
É o "invulgar cromatismo" das árvores e da própria Natureza, a chuva, o aroma dos frutos, as uvas e as castanhas assadas...


É OUTONO

E a Natureza
Numa encenação artística
Veste-se, com elegância,
Dum invulgar cromatismo,
Plena de poesia
E de romantismo

As árvores prendem as folhas
Já amarelecidas
Que dançam
Debaixo dos seus ramos
E tombam no chão,
Já desfalecidas



A chuva
Tão desejada,
Cai sobre a terra em pó,
Onde a sede corre

Já sentimos o aroma dos frutos
Duma época tão pródiga!

As videiras,
Nas encostas e nos vales
Duramente modelados,
Oferecem-nos as suas uvas



E, em festa,
Vai o lavrador cortando,
Pisando,
Envasilhando...
O doce sumo
Para obter o delicioso néctar

Depois lá estão
As castanhas a assar;
- Quentes e boas!
Oh! Que rico manjar

Deolinda Domingues Alves
Leiria

Fotos de Fernando Ferreira

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

35 PRINCIPAIS MARCAS DE RELÓGIOS

Como se sabe, a Suíça é o país por excelência para o fabrico de relógios. A sua indústria de relojoaria teve as suas raízes em meados do séc. XVI.
Em 1541, Calvino proibiu o uso de jóias, o que levou os artífices a virarem-se para o fabrico de relógios.
No fim do século, os fabricados em Genève tinham já uma reputação de altíssima qualidade.
Cem anos mais tarde, havia já uma legião de relojoeiros naquela cidade, o que levou alguns a mudarem-se para as montanhas da região do Jura.
Em 1790, Genève exportava já para cima de 60 mil relógios.

Nos nossos dias, marcas francesas, alemãs, italianas, inglesas e de outros países, projectam as suas "máquinas de medir o tempo" nos seus próprios países, mas fazem questão de que sejam fabricadas na Suíça, por uma questão de prestígio. Tudo isto, a par das marcas suíças de origem.

35 Marcas Principais de Relógios (por ordem alfabética), respectivos países de origem e "sites" na Internet:

        A.    LANGE & SOEHNE - Alemanha

AUDEMARS PIGUET - Suíça

BAUME ET MERCIER - Suíça

BELLROSS - Suíça

BLANCPAIN - Suíça

BREGUET - Suíça

B. R. M. - França

CARTIER - França

CHANEL - França

CHOPARD - Suíça

CORUM - Suíça

DIOR - França

GIRARD PERREGAUX - Suíça

HUBLOT - Suíça

IWC - Suíça

JAEGER LECOULTRE - Suíça

L LEROY – França
www.montres-leroy.com/

LOUIS VUITTON - França

MONTBLANC - Alemanha

OMEGA - Suíça

PANERAI - Itália

PATEK PHILIPPE - Suíça

PIAGET - Suíça

RICHARD MILLE - Suíça

ROGER DUBUIS - Suíça

ROLEX - Suíça

TAG HEUER - Suíça

TUDOR - Suíça

VACHERON CONSTANTIN - Suíça

ZENITH - Suíça



domingo, 10 de novembro de 2013

"OUTONO" - um poema de Deolinda Domingues Alves

A exuberância da química das cores do Outono é realçada neste poema de Deolinda Domingues Alves, num notável exercício de contemplação: o laranja e o vermelho ("encarnado"), o negro e o roxo, o verde e o azul, o claro e o escuro, todas as tonalidades se conjugam para a Natureza ir revelando esta sua fase de transição, entre a "longa secura" do Verão e os dias frios do Inverno, que se aproxima sem piedade.

As vinhas e os pomares plenos de frutos, o cair da folha, a terra molhada, a celebração da vida neste aspecto particular do equinócio outonal, com a natureza a envelhecer e os belos entardeceres já a pedirem outros aconchegos.
Deolinda Domingues Alves termina este seu poema com uma nota nostálgica, ao referir-se à Natureza, que fica triste quando um poeta eventualmente deixa de estar entre nós.


OUTONO

Uma exuberância de cores
Estende-se p'la terra escura
Que já refrescou,
Após longa secura

O laranja e o encarnado
- As cores do entardecer.
E, com elas, se vestem as nuvens
Pr'a embalarem o sol poente
Quando vai adormecer

O contraste
E a mistura do claro e do escuro!...

O negro e o roxo
- As cores das muitas mágoas;
O matiz deleitoso,
Do verde e do azul das águas

No vale e na colina,
Cumprindo o ciclo da vida,
Vinhedos e pomares
Oferecem a delícia dos frutos
Com uma ternura divina!

E, num misto de oração
E de poesia bem sentida,
As árvores deixam cair
Lágrimas de madrugada
Pr'a celebrar o amor
Pela terra já humedecida

Com uma doação infinita
Vai-se revelando a Natureza,
Enquanto os poetas
Celebram a vida
Nos poemas que escrevem,
Repletos de singular beleza

Mas, se um poeta morre,
Invade-nos a nostalgia,
Fica triste a Natureza,
Chora, de saudade, a poesia!...

Deolinda Domingues Alves - Leiria

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Carta ao Presidente Guebuza - Por Carlos Nuno Castel-Branco

Por Carlos Nuno Castel-Branco

Senhor Presidente, você está fora de controlo. Depois de ter gasto um mandato inteiro a inventar insultos para quem quer que seja que tenha ideias sobre os problemas nacionais, em vez de criar oportunidades para beneficiar da experiência e conhecimentos dessas pessoas, agora você acusou os media de serem culpados da crise política... nacional e mandou atacar as sedes políticas da Renamo.

A crise político-militar que se está a isntalar a grande velocidade faz lembrar as antecâmaras do fascismo. Em situações semelhantes, Hitler e Mussolini, Salazar e Franco, Pinochet e outros ditadores militares latino-americanos, Mobutu e outros ditadores africanos, foram instalados no poder, defendidos pelo grande capital enquanto serviam os interesses desse grande capital, e no fim cairam.

Será que você, senhor Presidente, se prepara para a fascização completa do País? Destruir a Renamo, militarmente, é um pretexto. Fazer renascer a guerra é um pretexto. Parte do problema dos raptos - não todo - e do crime e caos urbano é um pretexto. Permitir a penetração da Al Quaeda em Moçambique é um pretexto. Pretexto para quê? Para suspender a constituição e aniquilar todas as formas de oposição, atirando depois as culpas para os raptores e outros criminosos e terroristas, ou para aniquilá-los em nome da luta pela estabilidade.

Senhor Presidente, você pode estar a querer fascizar o País, mas não se esqueça que a sua imagem e a do seu partido estão muito descredibilizadas - por causa de si e do seu exército de lambe botas. E essa credibilidade não se recupera com palavars e com mortos. Só se pode recuperar com a paz e a justiça social. O que prefere, tornar-se num fascista desprezível e, a longo prazo, vencido? Ou um cidadão consciente e respnsável que defendeu e manteve a paz e sugurança dos cidadãos, evitando a guerra e combatendo o crime?

Senhor Presidente, você tem que ser parte da solução porque você é uma garnde causa do problema. Ao longo de dois mandatos, quem se rodeou de lambe botas que lhe mentem todos os dias, inventam relatórios falsos e o assessoram com premissas falsas? Quem deu botas a lamber e se satisfez com isso, com as lambidelas? Quem se isolou dos que realmente o queriam ajudar por quererem ajudar Moçambique e os moçambicanos, sem pretenderem usufruir de benefícios pessoais? Quem preferiu criar uma equipa de assessores estrangeiros ligados ao grande capital multinacional em vez de ouvir as vozes nacionais ligadas aos que trabalham honestamente? Quem insultou, e continua a insultar, os cidadãos que apontam problemas e soluções porque querem uma vida melhor para todos (meamo podendo estar errados, honestamente lutam por uma vida melhor para todos)?

Quem acusa os pobres de serem preguiçosos e de não quererem deixar de ser pobres? Quem no principio e fim dos discursos fala do maravilhoso povo, mas enche o meio com insultos e desprezo por esse mesmo povo?

Quem escolheu o caminho da guerra e a está a alimentar, mesmo contra a vontade do povo maravilhoso? Quem diz que a guerra, e o desastre humanitário a ela associado, é um teste à verdadeira vontade de paz do povo maravilhoso? Por outras palavras, quem faz testes politicos com a vida do povo maravilhoso? Quem deixa andar o crime, a violência e a pobreza, quem deixa andar a corrupção, o compadrio e as associações criminosas? Quem nomeia, ou aceita a nomeação, de um criminoso condenado a prisão maior para comandante de uma das principais forças policiais no centro do país?

Quem se apropria de toda a riqueza e ao povo maravilhoso oferece discursos e dessse maravilhoso povo quer retirar (ou gerir, como o senhor diz) qualquer expectativa? Quem só se preocupa com os recursos que estão em baixo do solo, mandando passear as pessoas,os problemas e as opções de vida construídas em cima desse solo? Quem privatiza os benefícios económicos e financeiros dos grandes projectos, e depois mente dizendo que ainda não existem?

Quem se defende nos media internacionais dizendo que passou todos os seus negocios para os familiares enquanto é presidente - e quem é suficientemente idiota para aceitar isto como argumento e como defesa? 

Quem divide moçambicanos em termos raciais e étnicos, regionais e tribais, religiosos e políticos - já agora, o que são moçambicanos de gema? Serão os autómatos despersonalizados e ambiciosos que nascem das gemas dos seus patos? O que são moçambicanos de origem asiática, europeia ou africana - são moçambicanos ou não são?

Quem ficou tão descontrolado que hoje acusa os media de serem criadores do clima que se vive no país - foram os media que se apropriaram das terras, iniciaram uma guerra, deixam andar o crime urbano e foram pedir conselhos ao Zé Du? Que tipo de media você quer? Um jornal noticias que não tem uma referência destacada a três grandes manifestações populares pela paz e seguranca e justiça social que aconteceram ontem no nosso país, embora tenha uma noticia sobre manifestações contra violações no Quénia? Porque é que as manifestações dos outros são verdade e as nossas mentira?

E, já agora, senhor Presidente, pode esclarecer-nos quem matou Samora?

Senhor Presidente, você não merece representar a pérola do Indico nem liderar o seu povo maravilhoso. E desmerece-o mais cada dia. Você foi um combatente da luta de libertação nacional e um poeta do combate libertador, mas hoje não posso ter a certeza que liberdade e justiça tenham sido seus objectivos nessa luta heróica.

O povo maravilhoso, ontem, prestou homenagem a Mocambique, a Mondlane e Samora, aos valores mais profundos da moçambicanidade cidadã e da cidadania moçambicana. Foi bonito ver as pessoas a manifestarem-se por causas justas comuns, a partilharem a água e as bolachas, a abraçarem-se e distribuirem sorrisos, a apanharem o lixo que uma tão grande multidão não poderia deixar de criar. Foi bonito ver quão bonitos e cívicos Moçambique e os moçambicanos, na sua variedade, são. Foi bonito ver os cidadãos aplaudirem a polícia honesta e abraçarem os seus carros, e os polícias absterem-se de atacar os cidadão. Foi bonito ver que conseguimos juntar uma multidão consciente, cívica e honesta, que o seu porta voz partidário, Damião José, foi incapaz de desmobilizar. Foi bonito ver a bandeira e o hino nacionais a cobrirem todos os moçambicanos, moçambicanos que são só moçambicanos e nada mais.

E no seu civismo e afrimação da cidadania moçambicana, esta multidão para si só tinha três palavras: "fora, fora, fora". Tenha dignidade e, pelo menos uma vez na vida, respeite os desejos do povo. Reuna os seus patos e saia, saia enquanto ainda há portas abertas para sair e tempo para caminhar. Não tente lutar até ao fim. Isso só vai trazer tragédia, mortes e sofrimento para todos e, no fim, inevitavelmente, você e todos os outros belicistas, criminosos e aspirantes a fascistas, sejam de que partido forem, serão atirados para o caixote do lixo da história. Saia enquanto é tempo, e faça-o com dignidade. Ninguém se esquecerá do que você fez - de bem e de mal - mas perdoa-lo-emos pelo mal por, pelo menos no fim, ter evitado uma tragédia social e saído com dignidade.

Que, pelo menos, o seu último acto seja digno e merecedor deste povo maravilhoso. E, enquanto se prepara para sair, por favor devolva ao país e ao Estado a riqueza de que você, a sua família e o seu grupo de vassalos e parceiros multinacionais se apropriaram. Leve os seus patos mas deixe o resto. E, por favor, use as presidências abertas, pela última vez, mas para se despedir, pedir desculpas e devolver a riqueza roubada.

Saia, senhor Presidente, enquanto ainda é suficientemente Presidente para sair pelas suas próprias pernas.

Você sabe, de certeza, o que quer dizer "A Luta Continua!" Então, saia.

E não perca tempo a abater ou mandar abater ou encorajar a abater ou deixar abater alvos seleccionados, sejam eles quem forem. O sangue de cada um desses alvos só vai engrossar ainda mais o rio em cheia que o atirará a si, e seus discípulos, como carga impura, para as margens do rio poderoso fertilizadas pela luta popular. O povo não morre, e é o povo, não um alvo seleccionado, seja quem for, quem faz a revolução. Não se esqueça que a fúria do rio em cheia é proporcional à água que nele flui e à pressão que sobre ele exercem as margens opressoras.

Senhor Presidente, não tente fascizar Moçambique. Se o fizer, pode levar tempo, podem muitas vidas ser encurtadas pelas suas forças repressivas de elite, mas se seguir este caminho, você sairá derrotado. A história não perdoa.

Adeus, senhor Presidente, vá descansar na sua quinta com a sua família e dê à paz e à justiça social uma oportunidade nesta pérola do Índico e em benefício do seu maravilhoso povo. Por favor.

Não lhe queremos mal. Mas, acima de tudo, queremos a paz e que os benefícios do trabalho fluam para todos.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

"Cinema e educação: o diálogo de duas artes" - por José de Sousa Miguel Lopes

Com a devida vénia, transcrevemos o Resumo de um trabalho de José de Sousa Miguel Lopes
"Cinema e educação: o diálogo de duas artes"

Resumo 
Neste texto analisaremos, inicialmente, o cinema enquanto fenômeno artístico, a mistura 
que ele instaura entre pensamento e palavra servindo-se de imagens, os elementos que o 
caracterizam, a forma, levada ao extremo, como ele ilude a vida. Em seguida, 
abordaremos como a experiência da arte não só permite ao indivíduo encontrar-se como 
ser social, como também ao nível pedagógico, permitindo uma maior facilidade de 
aquisição de saberes. Através da educação promove-se a oportunidade de desenvolver 
características como a autoestima, a curiosidade, a iniciativa e a cooperação através de 
métodos de trabalho muito criativos, com diferentes linguagens expressivas. Por fim, 
procuraremos mostrar como o olhar cinematográfico enriquece nosso olhar sobre a 
educação e sobre o processo escolar, atuando como um elemento de aprimoramento 
cultural e intelectual dos docentes e dos discentes. 

Para ler este trabalho, por favor clica no "link"

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

MUCUCUNE - INHAMBANE

Com a devida vénia, transcrevemos um artigo do maior interesse sobre uma localidade da Baía de Inhambane, Moçambique. Foi publicado na edição de 24 de Outubro de 2013 do jornal @VERDADE em http://www.verdade.co.mz/tema-de-fundo/35-themadefundo/41159-em-mucucune-deus-diminuiu-as-bencaos

Em Mucucune Deus diminuiu as bênçãos

Cada vez que contemplo, de longe, a paisagem dominada intensamente pelos coqueiros, salta-me à retina o Apocalipse Now, filme de ficção realizado por Francis Copolla, tendo como actor principal o soberbo Marlon Brando. Mucucune fica do outro lado da cidade de Inhambane, em direcção ao ponto onde nasce o sol. Para lá se chegar tem que se atravessar a baía, ou de barco, em tempo de maré cheia, ou a pé, quando a maré está vaza. É um local de mito. Uma ilha que não parece devido às suas características geográficas. E em tempos, já foi um maná de marisco, porém, hoje, citando as palavras sábias de Momad Abdul Uhabo Aly, mais conhecido por Momad Wa Simbo, aqui já não há tanto produto do mar. “Deus diminuiu as bênçãos”.
Nunca consegui reprimir a vontade de lá ir outra vez, depois de ter estado nos finais da década de sessenta. Primeiro porque queria sentir novamente o prazer de atravessar, não importa como, ou a pé ou de barco, o retorno espiritual é o mesmo. Depois, aquele lugar esteve sempre cheio de enigmas. Parece haver algumas coisas da sua existência não muito bem esclarecidas, ou mal contadas, e outras contadas com mais um ponto acrescido. Mas isso é como a própria história, como diz Albertina Bessa Luís, é uma ficção controlada.
Decidi empreender a viagem, mais espiritual do que física, na manhã do último sábado, com um bloco de notas na minha sacola de palha (guikupa, em bitonga) e um smartphone da Movitel no bolso para fazer as fotos, mesmo sabendo que esta maquineta não me vai oferecer a amplitude de imagem que gostaria de ter. Mas também não posso fazer nada porque só tenho esta bugiganga.
Não sei exactamente quais são os dados que devo colher em Mucucune. Para além de Momad Wa Simbo, não sei com quem mais vou falar. Quer dizer, sou movido por um espírito de descoberta, e descobrir alguma coisa pode criar-nos uma desilusão, ou dar-nos um prazer sem medida. Como agora que chego à margem do lado de cá da cidade e vejo que não há água na baía. Os barcos foram retirados para onde possam continuar a navegar, ou ancorados à espera que a maré volte a encher. São quase 09h.30 da manhã e eu não preciso de arregaçar os calções, senão tirar as sandálias de camurça barata para vestir a terra molhada com os pés nus.
Estou sozinho, e as nuvens são benevolentes, tapam o sol para não me queimar a cabeça. Dou costas à urbe que me acolhe desde que saí do ventre da mulher minha mãe e, atrás de mim, logo ali, deixo o matadouro instalado num edifício que não vai ser mais do que um escombro anunciado. Ainda às minhas costas, estende-se uma fila de casebres desgraçados, cujos habitantes sofrem em tempos de marés equinociais (maguluti, em bitonga), sem poderem fazer nada para retirar a água que invade as suas habitações. Ciclicamente. E eles continuam ali não sei porquê. Mesmo assim, o panorama paisagístico que se escancara em toda a minha volta, como uma mulher que me envolve com amor e carinho, é esplendoroso. Caminho negligentemente com a minha guikupa a tiracolo, deliciando-me com a liberdade de estar naquele espaço criado pela própria mão de Deus.
Sabe-se que em tempos, quando a maré vazasse, ficavam a nu vários magotes de holotúrias que ninguém conhecia o seu valor quando levado para outras terras. Hoje já não se vê nenhum desses moluscos. Dizem que “os chineses varreram tudo”. O que sobrou são os pequenos caracóis (makolo, em bitonga) que fazem uma imensa esteira e que não podemos pisar com os pés descalços, a não ser que queiramos ser feridos. É isto e mais pouco, porque nos próprios mangais, os grandes caranguejos (sihologo, em bitonga), que abundavam, também partiram. “Deus diminuiu as bênçãos”.
Mito e realidade
A história diz-nos que Mucucune chegou a ser apelidada, no tempo colonial, de Ilha dos mouros, por terem ido para lá viver os descendentes dos árabes, forçados por artimanhas do dominador na altura a abandonar as suas casas no bairro de Balane, onde está localizada a mesquita velha, um testemunho vivo de que ali foi um reduto sagrado dos árabes, que queriam ficar junto à costa para vigiar mais de perto as suas embarcações. E esta minha ida a Mucucune tinha também essa pretensão, ver ou saber do que sobrou dos descendentes daqueles que chegaram aqui antes de Vasco da Gama. Aliás, o marinheiro português ao aportar em Quelimane, a caminho da Índia, teve que recorrer aos préstimos de um árabe de nome Abdul Azize, que, depois de negociações, aceitou guiar o aventureiro até Bombaim, o que, mais uma vez, confirma que alguém já cá estava e dominava a zona. Em 1498, eles já andavam por aqui.
Na “Ilha dos mouros” sobram poucos muçulmanos, uns 20 ou trinta. Os mais velhos, como Momad Wa Simbo, de 86 anos de idade, ainda conservam a história. O que avulta neste lugar é o cemitério cujas campas, pintadas a branco, podem ser vistas a partir da cidade. Aquele lugar de acolhimento dos mortos sempre foi temido, ninguém queria aproximar-se dele com o receio de ser abordado por fantasmas (dzigini). Mesmo a partir da urbe as pessoas evitavam lançar os seus olhares para ali, com medo de eventuais fulminações, porque o brilho de cal que os túmulos emanavam se via ao longe. Com resplandecência. São mitos que hoje já são não tidos em consideração. Toda a gente passa por perto, de noite e de dia, e não acontece nada. Também eu me aproximei do cemitério e não tirei fotos, provavelmente por medo. Também.
Momad Wa Simbo confirma que Mucucune continua a manter o seu lema dos tempos: paz e tranquilidade. “Sempre vivemos sossegados neste bairro, até hoje. Se houver algum problema é de pequena monta porque todos aqui nos conhecemos. Quase todos os que vivem aqui são daqui”. Na verdade, Mucucune leva esta marca. Dificilmente vamos encontrar ali um muthswa ou um chopi, ou ndau, ou mesmo um bitonga que não seja dali. A ilha levou sempre uma vida à parte, mesmo fazendo parte da cidade. Os seus habitantes distinguiam-se pelo seu comportamento discreto, o que pode estar a acontecer até hoje.
Mas os mucucunenses levam igualmente o “catálogo” da violência. Facto que é desmentido por Momad Wa Simbo. “Nós nunca fomos violentos, o que acontece é que recusamos ser provocados. Reagimos quando isso acontece, como qualquer pessoa reagiria se alguém fosse contra os seus direitos. Tudo o que falam de Mucucune é um mito. As pessoas não conhecem a realidade e, como não conhecem a realidade, inventam boatos. Se aqui não há mathswas, ou chopis, ou ndaus, é porque nunca quiseram viver neste bairro. Se alguém viesse pedir um espaço para construir, com certeza que o teria sem qualquer problema”.
No tempo colonial, um grupo de militares que cumpria serviço no quartel de Inhambane atravessou para Mucucune e protagonizou desmandos que incluíam o roubo de roupa posta a secar num estendal duma casa do bairro. É aí onde tudo começa; é como se tivessem pisado um ninho de vespas. Todos os residentes se mobilizaram e, no dia seguinte ao acto, ninguém foi trabalhar, os jovens não foram à escola. Todos eles, homens e mulheres e jovens e velhos, muniram-se de azagaias, catanas, machados e outros instrumentos de “guerra” e foram manifestar-se em frente ao gabinete do intendente. “Queríamos que ele nos levasse ao quartel para exercermos o nosso direito de vingança. Era um caso muito sério, que não degenerou porque houve bom senso e pedido de desculpas por parte dos agressores e do próprio representante”.
Mas os pedidos de desculpas não confortaram os habitantes de Mucucune. “Determinámos que a partir daquele dia não queríamos ver mais nenhum militar na nossa zona, nem militar nem polícia. Ficámos duas semanas a vigiar o bairro, com as nossas armas em punho, e depois disso nunca mais apareceram. Não queríamos ninguém fardado, nem os nossos filhos deviam aparecer ali envergando uniforme, sob pena de sofrerem as consequências”. Esta história correu meio mundo, passou de boca em boca e, cada boca que a contasse, aumentava dois pontos, e até hoje as pessoas pensam duas vezes antes de irem a Mucucune. Também por causa do feitiço, outra história que até hoje alimenta conversas em vários lugares da Inhambane e não só.
A alma fulminante
Já ninguém se lembra do ano em que morreu este homem, cujo nome não vamos fazer aqui referência porque depois podemos encontrar-nos na condição de não poder provar nada. Mas toda a gente fala dele. Dos feitos atormentadores da sua alma que, não encontrando a paz no céu, deambula pela terra fazendo vítimas. Em Mucucune as suas marcas ainda estão vivas, pese embora os seus descendentes, vivendo em Guilaleni, estejam, aos poucos, a livrar-se desse castigo. Quando ele morreu tornou-se num mpfukwa (espírito maligno). Era encontrado nos amuletos dos curandeiros (ainda é encontrado), fazendo das suas. Os filhos e os netos inocentes, de pessoas alheias, pagam muito caro porque alguns dos seus parentes, também mortos, “comeram” a carne desse mpfukwa.
Momad Wa Simbo também nos falou das peripécias dessa alma que vagueia pelas casas e pela vida das pessoas. “Olha, meu amigo, muita gente é obrigada a levar animais e dinheiro para casa desse homem para pagar uma coisa que eles não sabem. Outros viajam completamente nus de locais longínquos até à casa desta figura. As pessoas têm medo de se meter com os membros da sua família. Eles também transportam esse mito. Este espírito maligno não escolhe, é cristão é muçulmano, ele fulmina. Mas quem aceita esses caprichos são pessoas de pouca fé”.
Outro aspecto que caracteriza Mucucune são as casas esparsas, que não obedecem a nenhum ordenamento territorial. A principal actividade dos seus habitantes é a pesca. Sempre foi. Os pescadores montavam gamboas na praia, e o marisco que apanhavam em cada armadilha enchia um barco inteiro. Do mar saíam lagostas, peixes, lulas, caranguejos, santolas, todo o produto que aquela baía produzia. Era tempo de fartura que dava para alimentar directamente as famílias e comercializar a fim de custear despesas afins, como mandar as crianças à escola, comprar mantimentos na cidade e construir casas. “Para além da pesca temos o coco, que vendemos fresco ou transformado em copra. Temos ainda os cajueiros que se estendem por todo o bairro. Mas hoje por hoje, a produção, tanto do mar como destas árvores a que me referi baixou muito. Deus diminuiu as bênçãos”.
Ilha ou península?
Enquanto não nos desmentirem, Mucucune será sempre um arquipélago, que vai de Nhamalobe até a Ponta de Gulaleni. É composto por quatro ilhas, designadamente Mangwangwaneni, Gudzivane, Guilaleni e Nguhuni, esta última que leva o nome de Mucucune, por um motivo que ninguém nos soube explicar. Os seus habitantes, por serem discretos e distantes, são desconfiados e podem defender os seus direitos até às últimas consequências.
No tempo colonial, em ano que não se pode precisar, um branco do regime contraiu uma doença venérea (libuva, em bitonga), supostamente porque se meteu com uma mulher negra. Todos os da sua raça entraram em pânico. Instaurou-se uma ordem: as mulheres negras da cidade e seus subúrbios deviam ser submetidas a testes sanitários para fins que ninguém sabia. Porém, quando chegou a vez de se examinarem as mulheres de Mucucune, os homens sublevaram-se, mandaram os colonialistas à fava e disseram-lhes, na cara, que fossem primeiro fazer isso às suas mulheres.
Mucucune é conhecido pelas suas posições verticais. Até hoje pensa-se duas vezes para se fazer seja o que for naquele arquipélago. Por exemplo, Momad Wa Simbo conta-nos que nos primórdios da independência nacional houve uma campanha de caça aos feiticeiros. Todos tinham que ser submetidos à prova de matsawu, bebida tratada com ervas cujas propriedades são capazes de detectar esses indesejáveis. Em todos os bairros formavam-se longas filas para o rito, mas em Mucucune esse acto não se realizou. Recusaram-se a ser submetidos a tamanha humilhação. E são estas histórias que fazem do arquipélago um lugar distante e perto ao mesmo tempo.
Mucucune é (era) um lugar escolhido pela própria mão de Deus. Em tempo de maré alta a juventude fazia-se à praia para nadar lado a lado com os golfinhos que passeavam por ali, livremente. Lembrei-me deste fenómeno agora na minha ida – efémera e eterna ao mesmo tempo – àquele santuário. Fui em maré vazia, e fiquei lá todo o dia à espera que enchesse para ver os golfinhos passeando por ali, mas... nada! Momad Wa Simbo diz que já não há golfinhos por aqui. Quando aparecem, em número muito reduzido, é um espanto. “Nos tempos em que metíamos os nossos barcos para a recolha do peixe, esses animais pacíficos acompanhavam-nos muito de perto, mas hoje Deus diminuiu as bênçãos”.
É maré cheia. Calma. E eu estou de regresso a Nhapossa, bairro onde vivo. Em paz. Desta vez tenho que apanhar o barco. Com a vela enfunada. Que vai deslizar a favor de um vento suave que sobe do Sul. Olho para o céu e vejo uma avioneta a passar rente aos coqueiros, ao encontro da pista. Procuro com os olhos os flamingos que andavam por aqui em bandos de não acabar e... nem uma dessas aves alvas! Estou de costas para Mucucune. Viro a cabeça e vejo o cemitério onde foi enterrado, recentemente, o corpo de uma das figuras mais respeitadas da comunidade muçulmana, o Muhadisse, professor e sacerdote. Um cemitério que ainda tem muito espaço para receber os mortos, contrariamente ao da cidade de Inhambane, que já está para além dos seus limites.
É isso! Já desci do barco e estou em terra firme. Olho para onde estive e revejo o Apocalipse Now, de Francis Copolla e Marlon Brando. Aceno, na minha imaginação, ao Momad Wa Simbo: Deus diminuiu as bênçãos!

terça-feira, 8 de outubro de 2013

7 DE OUTUBRO - DIA DO XAI-XAI


Comemora-se nesta segunda-feira, 7 de Outubro, o Dia do Xai-Xai.
Neste dia 7 de Outubro, no ano de 1961, a Vila de João Belo foi elevada à categoria de cidade pela Portaria n.º 15 349.
Antiga povoação comercial com o nome de Chai-Chai, foi elevada à categoria de Vila em 27 de Outubro de 1911.
Em 1922 mudou o nome para Vila Nova de Gaza.
Seis anos depois passou a chamar-se Vila de João Belo.
Cumprimentamos os naturais, residentes, ex-residentes e amigos do Xai-Xai, enviando-lhes as mais cordiais saudações, com votos das maiores felicidades pessoais.

CHIBUTO - ELEVADA A CIDADE HÁ 42 ANOS!


Chibuto foi sede do Distrito Militar de Gaza, criado por decreto de 7 de Dezembro de 1895.
A antiga circunscrição foi elevada a concelho pela Portaria n.º 11 153, de 19 de Novembro de 1955. No ano seguinte foi-lhe concedido foral e o privilégio de usar escudo de armas e bandeira próprios.
Finalmente - faz hoje 42 anos - a antiga vila de Chibuto foi elevada à categoria de cidade pela Portaria n.º 808/71, de 8 de Outubro.
A cidade é um município com governo local eleito e tem uma população de 63 184 habitantes, de acordo com o censo de 2007.
O primeiro presidente do Conselho Municipal do Chibuto foi Francisco Barage Muchanga, eleito em 1998 , sendo sucedido em 2003 por Francisco Chigongue e depois por Francisco Mandlate, eleito para o cargo em 2008.
Nesta data festiva, cumprimentamos os naturais, residentes, ex-residentes e amigos do Chibuto, enviando-lhes as mais cordiais saudações, com votos das maiores felicidades pessoais e progresso para a cidade e município.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Um país com futuro incerto

Embora só tenha chegado a Portugal em 1975, já com 28 anos, sempre tive a opinião de que Portugal dificilmente teria viabilidade económica. 
Até aí, o país tinha vivido, sucessivamente, à custa das especiarias da Índia, ouro do Brasil ou recursos das colónias. Seguiu-se um período de 10 ou 12 anos em que ninguém ajudava e vivemos aqui com as maiores dificuldades. A 1 de Janeiro de 1986, Portugal tornou-se membro de facto da União Europeia, depois de longos nove anos de espera (candidatura a 28 de Março de 1977). 

Entre 1986 e 2011, Portugal recebeu nove milhões de euros POR DIA em fundos comunitários, ou seja, quase 81 mil milhões no total. Essas verbas destinavam-se a desenvolver o país e aproximá-lo da média europeia. Mas isso não aconteceu. Em vez de investir, gastou-se. Os diversos governos procederam a aumentos de ordenados e muitos outros benefícios incomportáveis em anos de eleições. Construíram auto-estradas em duplicado (da A1 vê-se a A29...) e outras obras públicas e equipamento social difíceis de manter. 
Agora, em tempos de penúria, numa época de crise mundial que começou em Agosto de 2008 (com a falência do Lehman Brothers), aparece finalmente a factura para pagar. Estou convencido de que, nem que os descontos fossem de 100%, nunca se pagaria os juros, quanto mais a dívida, que, aliás, foi mal negociada. Ou seja: não há solução à vista. Recuaremos, em breve, às miseráveis condições de vida, que por cá prevaleciam nos tempos tenebrosos do fim da Segunda Guerra Mundial.

domingo, 6 de outubro de 2013

Leiria 2013 - Há Música na Cidade

LEIRIA 2013 - "HÁ MÚSICA NA CIDADE"

Realizou-se no sábado, dia 5 de Outubro, a edição nº 4 da iniciativa cultural "Há Música na Cidade", que contou com mais de mil artistas em cem concertos e em trinta palcos ao ar livre.
Algumas fotografias em



quinta-feira, 3 de outubro de 2013

LEIRIA 2013 - CANÇÃO HÁ MÚSICA NA CIDADE

CANÇÃO HÁ MÚSICA NA CIDADE
Texto de Paulo Kellerman
Música de Mário Nascimento

Quando há música na cidade
Sentimo-nos como numa aldeia.
Todos juntos, um brilho no olhar
Há corpos irrequietos a dançar.
Vamos ouvir sons e harmonias,
Beats, filarmónicas, cantorias.
Vamos ouvir risos e alegria,
Descobrir emoções e ritmos, fantasia.
Bom dia, nas ruas há magia
Boa tarde, sente o riso, o encanto, a amizade.
Boa noite, não vás ainda...
Porque hoje o dia não tem fim, há música na cidade.
E quando há música na cidade
Sentimo-nos como numa aldeia.
Há festa, partilha, celebração
Todos unidos por uma canção.
Sentir a noite na ponta dos dedos,
A agitação e o ritmo cá dentro de nós
Descobrir melodias, cadências ousadas
Segredos e gritos, silêncios, a magia da voz.
Bom dia, nas ruas há magia
Boa tarde, sente o riso, o encanto, a amizade.
Boa noite, não vás ainda...
Porque hoje o dia não tem fim, há música na cidade.
Ecos, sombras, história
Futuros e passados,
Castelo e rio, céu azul
Namorados entrelaçados.
Agitação na Praça
Emoção no Terreiro
Euforia aqui e ali
Grita, junta-te ao berreiro.
Bom dia, nas ruas há magia
Boa tarde, sente o riso, o encanto, a amizade.
Boa noite, não vás ainda...
Porque hoje o dia não tem fim, há música na cidade.

OFERTA
O CD com a música do "Há Música na Cidade" pode ser solicitado gratuitamente na Livraria Arquivo, Jornal de Leiria, Livraria Americana e Tabacaria do Centro Comercial D. Dinis, em Leiria.

LEIRIA - HÁ MÚSICA NA CIDADE 2013

SÁBADO, 5 DE OUTUBRO DE 2013
DAS 14H00 ÀS 24H00

- MIL MÚSICOS
- CEM CONCERTOS
- TRINTA PALCOS

PROGRAMA COMPLETO EM 
http://pt.scribd.com/doc/172759232/HMC13-Programa

LOCAIS:
- PRAÇA RODRIGUES LOBO
- IGREJA DA MISERICÓRDIA
- SÉ DE LEIRIA
- LIVRARIA ARQUIVO
- BANCO DE PORTUGAL
- JARDIM LUÍS DE CAMÕES
- FONTE LUMINOSA
- MERCADO DE SANTANA
- POUSADA DA JUVENTUDE
- BIBLIOTECA MUNICIPAL
- PALÁCIO DOS ATAÍDES

ONÍRIA: UM DILEMA NO PARAÍSO

TEXTO DE PEDRO MIGUEL
PUBLICADO NO "PREGUIÇA MAGAZINE"
EM http://preguicamagazine.com/2013/10/03/oniria-um-dilema-no-paraiso/

A Preguiça intrometeu-se no éden, e foi apanhar as duas artistas em plena criação na montagem para a exposição “Oníria”, que estreia no sábado, dia 5, no Banco de Portugal, em Leiria. As mulheres sonham e a obra nasce.
Isto das grandes questões é uma cena tramada, e a exposição “Oníria”, por via das dúvidas, deixa muita coisa em aberto. De um lado Sílvia Patrício, pintora regular, mas também artesã de outros materiais na área da escultura. Também faz uns bolos de chocolate deliciosos, e, com um bocado de sorte, talvez haja uma fatia para os primeiros a chegar no dia da inauguração.
Do outro, Sofia Mota, fotógrafa tardia – daqueles casos em que o passatempo evolui para a profissionalização – entre passagens em outras encarnações pela psicologia, o mundo sazonal da hotelaria e produção de eventos. Também fala e percebe mandarim, por isso cuidado com o que dizem à sua frente.
Da cumplicidade destas duas mulheres através da arte num qualquer jardim proibido, nasceu esta exposição. Com o evoluir do projecto, juntaram-se dois homens para equilibrar o pecado em pleno. João Nascimento para musicar o acontecimento, para além de todo o artwork inerente ao evento, e o realizador Ricardo Portela, para documentar no ecrã a curta-metragem presente na exposição.
“Oníria é o mundo para lá do nosso mundo, que às vezes não se vê mas que se sente”, diz Sílvia Patrício, e prossegue: “A pessoa que vier aqui vai viajar. É uma visão de um mundo muito feminino”.
Sofia Mota complementa: “E isso nota-se muito quando falamos com homens (risos). Se nós temos uma identificação à partida com as imagens enquanto mulheres, há homens que não. Alguns até têm porque há ali coisas que são universais, mas alguns ficam-se pelo esteticamente bonito, e não há empatia como nós temos”.
Aqui quem manda são elas, os trabalhos complementam-se pelas salas, numa cumplicidade quase carnal, na medida que este trabalho pode ser encarado como um filho de ambas. É uma criação conjunta, que pode ser vista como uma só, tal é a simbiose entre as suas criadoras.
ONÍRIA
Sílvia Patrício: instalação
Sofia Mota: fotografia
João Nascimento: sonoplastia e design
Ricardo Portela: realização da curta-metragem
Inauguração: Sábado 5 Outubro, 17h, Banco de Portugal, Leiria.
Até 16 de Novembro.
Entrada livre.
Texto de Pedro Miguel
Fotografia de Ricardo Graça
(Publicado a 3 Outubro 2013)

A MISSÃO CULTURAL DE JOÃO FRANCISCO

POR PEDRO MIGUEL, EM NOVA IORQUE
PUBLICADO NO "PREGUIÇA MAGAZINE" EM
http://preguicamagazine.com/2013/10/03/16153/

A caminho do encontro para a entrevista com João Francisco, da Portuguese Circle, que tem como missão divulgar a cultura portuguesa em Nova Iorque, a linha de metro que seria suposto apanhar encerrou por tempo indeterminado ‘para investigações’. Obama chegava à cidade na manhã seguinte, e pela rua já se viam aqueles carros pretos dos Serviços Secretos, como nas séries de TV. Bem-vindos à Grande Maçã.
A Preguiça foi ao encontro de João Francisco, um leiriense em Nova Iorque, perfeitamente adaptado ao estilo de vida norte-americano, principal impulsionador e divulgador da cultura portuguesa naquela grande cidade, e que trabalha actualmente em imagem numa empresa de produção de conteúdos.
Após chegar atrasado ao encontro, nunca mais digam que isto não é uma aldeia. Atravessa uma pessoa o Atlântico, e ao entrevistar um dos maiores impulsionadores da cultura portuguesa na Big Apple descobre-se, com o desenrolar da conversa, que afinal crescemos no mesmo sítio, separados apenas por duas ruas um do outro.
The american dream
João Francisco cresceu em Leiria, mudou-se para Lisboa quando foi para a faculdade estudar Engenharia Informática, e – como acontece a muita gente – a certa altura pensou que deveria explorar novas alternativas e experimentar algo lá fora. A coisa proporcionou-se, e a 3 de Janeiro de 2004 estava a aterrar em Nova Iorque para começar a trabalhar. “Não conhecia ninguém. A primeira manhã quando acordei, tive aquela sensação… Ah, estou mesmo aqui!’, recorda.
Aqui, os norte-americanos têm duas características interessantes. A primeira é voltarem a estudar a meio da sua carreira profissional. A outra é a capacidade de se reinventarem: não têm medo de arriscar, aqui isso é normal.
Em 2009, sentiu novamente a necessidade de mudar, não de cidade, mas de área. Como gostava produção, multimédia e imagem, decidiu aprofundar os estudos nessa área. ‘Se estivesse em Portugal, provavelmente não o teria feito’, refere João Francisco.
“Aqui, os norte-americanos têm duas características interessantes. A primeira é voltarem a estudar a meio da sua carreira profissional. A outra é a capacidade de se reinventarem: não têm medo de arriscar, aqui isso é normal”, observa. Nasceu então a SPITZFLIX, da qual João Francisco é um dos sócios, e a julgar pela última empreitada para o Travel Channel, está-se a safar e prestes a viver o american dream.
The Portuguese Circle
“Cheguei em 2004, e eu ia a eventos de quase todos os países menos de portugueses, porque não havia praticamente nada. Por isso, em 2007, decidi fazer o primeiro evento, que foi no dia 10 de Junho, e serviu para comemorar o Dia de Portugal em Nova Iorque”, clarifica João Francisco.
Assim estava criado o círculo português, onde se comemora e divulga a portugalidade, principalmente através da cultura e gastronomia. Actualmente promovem eventos quase mensais, onde aparecem em média umas 25 a 30 pessoas para conviverem em redor de uma mesa. Habitualmente faz-se num restaurante. Têm também duas vezes por ano o evento Portuguese Chefs – o nome diz tudo – que divulga o melhor da gastronomia portuguesa, e que gera muita curiosidade por parte do público norte-americano.
Conseguimos juntar cerca de 10 mil pessoas, sendo que 97% delas são norte-americanas, e que numa manhã levam uma ‘ensaboadela’ de cultura portuguesa
Porém, o maior evento que organizam é um piquenique no Central Park no dia de Portugal, direccionado para o público americano . “Trabalhamos em parceria com a entidade com organiza a maratona de Nova Iorque, e conseguimos juntar cerca de 10 mil pessoas, sendo que 97% delas são norte-americanas, e que numa manhã levam uma ‘ensaboadela’ de cultura portuguesa”, refere.
Para um certo público português, que gosta de uma banda pop, por exemplo, aqui talvez não seja o local ideal para se divertirem. Mas é preciso compreender que o público norte-americano adora fado, ranchos folclóricos ou tunas académicas portuguesas. Para eles é algo de diferenciador, pouco visto, e o Portuguese Circle proporciona-lhes isso mesmo.
“Não quer dizer que não possamos vir a ter algo mais virado para o pop ou rock, mas não faz muito sentido. Há aqui um ponto muito importante: para o público norte-americano, o que lhes interessa é o que é diferente. Nós às vezes em Portugal, e eu também falo por mim, olhamos de lado para certas manifestações culturais, como os ranchos. Os americanos adoram ranchos, porque não têm”, explica.
“Essa é uma das diferenças que eu vejo, e que me fez mudar de opinião, desde que vim para aqui. Temos de respeitar e manter as tradições daquilo que nós somos, e não temos de ter vergonha delas. O pessoal daqui adora as roupas dos ranchos, as danças, mesmo quando às vezes há uma ou outra voz mais esganiçada. [risos] É isso que chama!”, conclui João Francisco.
Facebook Portuguese Circle: https://www.facebook.com/PortugueseCircle
Texto de Pedro Miguel
Fotografia de Sílvia Curado
(Publicado a 3 Outubro 2013)

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Subitamente no verão passado - por Pedro Miguel

Publicado na secção "Opinião" 
Semanário Região de Leiria 
de 5 de Setembro de 2013
Transcrito com a devida vénia.

Crónica irregular

Subitamente no verão passado

Pedro Miguel
Editor da Preguiça Magazine

Por aqui, a silly season parece estar a acabar, mas em alguns jornais europeus, o Verão agitou-se. Foram sobretudo tomadas de posição corajosas no que diz respeito a assuntos relacionados com a  liberdade e exigência democrática. Na Escandinávia, os diretores de quatro grandes diários da Noruega, Suécia, Finlândia e Dinamarca, escreveram uma carta aberta ao primeiro-ministro britânico e acusaram o Governo do Reino Unido de ameaçar a liberdade dos meios de comunicação mundiais, por causa da detenção do marido da jornalista do Guardian, Glenn Greenwald, que revelou a espionagem de  vários aliados dos Estados Unidos por parte da Agência de Segurança (NSA). Esta tomada de posição foi acompanhada pelo jornal britânico The Observer.
Na Irlanda do Norte o The Belfast Telegraph publicou, com honras de primeira página, um anúncio de emprego fictício para contratar um líder responsável que possa representar as pessoas.
Esta ironia foi directamente para o primeiro-ministro e o vice-primeiro-ministro da Irlanda do Norte, por estes terem ido de férias sem sequer comentar os violentos motins que aconteceram no centro de Belfast.
Por cá, para esta nova temporada, gostava de ver menos comentadores e mais informação própria, isenta e aguerrida. Mas isso sou eu que devo ser parvinho, ou o camandro.

Escrito de acordo com a antiga ortografia.


Publicado no semanário Região de Leiria de 5 de Setembro de 2013