terça-feira, 10 de dezembro de 2013

ANOITECER NO SOWETO - de OSWALD MBUYISEMI MTSHALI

ANOITECER NO SOWETO

O anoitecer vem como
uma doença temida
que se escoa pelos poros
de um corpo saudável
e devastando-o sem remédio
A mão de um assassino,
à espreita nas sombras,
apertando o punhal,
derruba a vítima indefesa.
Eu sou a vítima.
Estou abatido
todas as noites nas ruas.
Estou encurralado pelo medo
roendo meu coração tímido;
na minha impotência eu definho.
O homem deixou de ser homem
O homem tornou-se besta
O homem tornou-se presa.
Eu sou a presa;
Eu sou a pedreira a ser demolida
pela besta de saqueadores
solta ao cair da noite cruel
de sua jaula da morte.
Onde é o meu refúgio?
Onde estou eu seguro?
Não na caixa de fósforos, que me serve de casa
Onde estou barricado contra o anoitecer.
Tremo aos seus passos esmagadores,
Tremo às suas pancadas ensurdecedoras na porta.
"Abre!" grita ele como um cachorro raivoso
Sedento do meu sangue.
Anoitecer! Anoitecer!
És meu inimigo mortal.
Mas por que nasceste tu?
Por que não pode ser já dia?
Dia para sempre?
OSWALD MBUYISEMI MTSHALI

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