Ouve-se e lê-se com alguma
frequência que o 18 de Janeiro foi um “episódio anarco-sindicalista”.
Parece, no entanto, que
foi mais do que isso, pelo envolvimento que teve de, pelo menos, quatro forças:
- Confederação Geral do
Trabalho, Comissão Intersindical, Federação Autónoma Operária, além dos
chamados Sindicatos Autónomos.
Estas quatro entidades
constituíam o Comité de Unidade Anti-Fascista, que surgiu como reação à
formação dos “sindicatos nacionais” do Estado Novo em 1933, que se opunha e pretendia
acabar com os sindicatos livres.
O momento para a greve
geral do 18 de Janeiro foi mal ponderado, porque se atravessava um período
menos bom para o movimento sindical, devido principalmente à divisão que se
verificava entre as diversas forças (irreconciliáveis), que se opunham à
ditadura saída do golpe do 28 de Maio de 1926 – a oposição republicana democrática e liberal,
o comunismo e o anarco-sindicalismo.
Bento Gonçalves, do PCP
(fundado em 1921), também achava que não estavam reunidas as condições para se
desencadear o movimento grevista. Na verdade, além dos acontecimentos da
Marinha Grande, onde se proclamou um “soviete”, apenas se registaram ações
isoladas: a explosão da Central Elétrica de Coimbra, a sabotagem na Fábrica de
Braço de Prata, o corte de comunicações telefónicas em algumas cidades e o
descarrilamento de um comboio na Póvoa de Santa Iria, concelho de Vila Franca
de Xira.
Tudo uma “anarqueirada”,
como diria depois a direção do PCP, ao confirmar o fracasso do movimento.
O Estado Novo aproveitou
para consolidar posições contra o movimento operário e sindical livre, através
da PVDE (Polícia de Vigilância e de Defesa do Estado), antepassada da PIDE: prisões
em massa, deportações e outras ações punitivas, além da dispersão do Partido
Comunista.
Sem comentários:
Enviar um comentário