Encontrei agora uma "crónica", que
escrevi em Nampula, publicada na separata "Coluna em Marcha" do
Jornal "Notícias" de Lourenço Marques, em 17 de Fevereiro de 1970.
Foi há 43 anos e lembro-me de que não publicaram tudo, porque a parte final era
devastadora para com a forma como os civis tratavam os militares...
NAMPULA
Avenidas largas, traçado moderno, prédios mais ou menos imponentes. Muita gente na rua, uma farda a cada passo, grande movimento de tráfego.
Os pneus chiam, a gente olha, ao volante um "Fângio": o carro não é dele...
- Hás-de fazer isso no teu! - grita com cordial indignação um ou outro que passa.
E ele ri; e ele repete...
Uma saia passa, todos olham: coisa rara! Mesmo que a dona não deva nada aos atributos da Natureza. Eles assobiam, elas convencem-se. Mesmo que não tenham nada por se convencer.
De manhã cedo, giram os primeiros automóveis, circulam as primeiras pessoas: militares (no plural).
Com o sol a subir, passam Unimogs e Jeeps, que transportam indivíduos para outro dia de trabalho: fardas.
Ao meios dia o mesmo movimento em sentido contrário. O mesmo aspecto: soldados.
Depois do almoço enchem-se esplanadas.
- Rapaz, café!
Às duas e a partir das cinco, o quadro aparece de novo.
E, à noite, os cafés, as esplanadas, as pastelarias, bares, cervejarias e outros pontos de reunião regurgitam: mas se mandassem por o dedo no ar aos militares presentes, arranjavam-se dedos para muitas mãos.
Do outro lado da cidade - os civis. São poucos e guardam ciosamente o direito de se manterem sós.
NAMPULA
Avenidas largas, traçado moderno, prédios mais ou menos imponentes. Muita gente na rua, uma farda a cada passo, grande movimento de tráfego.
Os pneus chiam, a gente olha, ao volante um "Fângio": o carro não é dele...
- Hás-de fazer isso no teu! - grita com cordial indignação um ou outro que passa.
E ele ri; e ele repete...
Uma saia passa, todos olham: coisa rara! Mesmo que a dona não deva nada aos atributos da Natureza. Eles assobiam, elas convencem-se. Mesmo que não tenham nada por se convencer.
De manhã cedo, giram os primeiros automóveis, circulam as primeiras pessoas: militares (no plural).
Com o sol a subir, passam Unimogs e Jeeps, que transportam indivíduos para outro dia de trabalho: fardas.
Ao meios dia o mesmo movimento em sentido contrário. O mesmo aspecto: soldados.
Depois do almoço enchem-se esplanadas.
- Rapaz, café!
Às duas e a partir das cinco, o quadro aparece de novo.
E, à noite, os cafés, as esplanadas, as pastelarias, bares, cervejarias e outros pontos de reunião regurgitam: mas se mandassem por o dedo no ar aos militares presentes, arranjavam-se dedos para muitas mãos.
Do outro lado da cidade - os civis. São poucos e guardam ciosamente o direito de se manterem sós.