quinta-feira, 28 de março de 2013

Nampula - vida militar em 1970


Encontrei agora uma "crónica", que escrevi em Nampula, publicada na separata "Coluna em Marcha" do Jornal "Notícias" de Lourenço Marques, em 17 de Fevereiro de 1970. Foi há 43 anos e lembro-me de que não publicaram tudo, porque a parte final era devastadora para com a forma como os civis tratavam os militares...

NAMPULA
Avenidas largas, traçado moderno, prédios mais ou menos imponentes. Muita gente na rua, uma farda a cada passo, grande movimento de tráfego.
Os pneus chiam, a gente olha, ao volante um "Fângio": o carro não é dele...
- Hás-de fazer isso no teu! - grita com cordial indignação um ou outro que passa.
E ele ri; e ele repete...
Uma saia passa, todos olham: coisa rara! Mesmo que a dona não deva nada aos atributos da Natureza. Eles assobiam, elas convencem-se. Mesmo que não tenham nada por se convencer.
De manhã cedo, giram os primeiros automóveis, circulam as primeiras pessoas: militares (no plural).
Com o sol a subir, passam Unimogs e Jeeps, que transportam indivíduos para outro dia de trabalho: fardas.
Ao meios dia o mesmo movimento em sentido contrário. O mesmo aspecto: soldados.
Depois do almoço enchem-se esplanadas.
- Rapaz, café!
Às duas e a partir das cinco, o quadro aparece de novo.
E, à noite, os cafés, as esplanadas, as pastelarias, bares, cervejarias e outros pontos de reunião regurgitam: mas se mandassem por o dedo no ar aos militares presentes, arranjavam-se dedos para muitas mãos.
Do outro lado da cidade - os civis. São poucos e guardam ciosamente o direito de se manterem sós.

quarta-feira, 27 de março de 2013

O caso de Chipre - opinião de Adriano Moreira

Jornal PÚBLICO de 27/03/2013


O pirata de Espronceda
por ADRIANO MOREIRA
A alarmante intervenção proposta para Chipre, uma ilha à qual o doloroso processo da independência e da partilha, quando a Carta da ONU oferecia já o mais pacífico dos presentes, e um futuro de paz e prosperidade, faz lembrar o poema de Espronceda sobre o Pirata que navegava anárquico e feliz pelo Mediterrâneo, livre de qualquer das limitações que embaraçam governantes ocupados com as tarefas dos Estados, e do alargamento do poder dos agentes.
Não tem sido fácil encontrar quem se assuma como responsável pela inesperada iniciativa do imposto sobre os depósitos privados, um silêncio proporcionado pelo recolhimento oferecido pela sala de reuniões do Eurogrupo, tendo apenas transpirado agora que "as negociações foram duras".
Provavelmente um exagero de protecção de imagem para uma reunião que teve a unanimidade dos votos, e conseguiu acrescentar mais um alarme às inquietações das populações da União. A política da União já provocou a fadiga fiscal dos contribuintes, que progressivamente colocam de lado a confiança nos princípios dessa União, para esperarem inquietos pela criatividade dos resguardados responsáveis, que parece terem decidido assumir a imaginativa liberdade cantada por Espronceda agora num Mediterrâneo que exige, por muitas e evidentes razões, que o bom senso europeu não emigre para paragens desconhecidas.
Sobretudo, é alarmante, entre os argumentos que circulam, para justificar a iniciativa que não tem pai certo, a afirmação de que a dimensão de Chipre, ilha partilhada, com pouco mais de um milhão de habitantes e um PIB de 17,8 milhões de euros, não oferecia outra hipótese ao resgate, quer no domínio dos impostos sobre o consumo quer no do corte das despesas, senão o da expropriação que o Parlamento do Estado recusou.
A convicção de que o projecto europeu é de unidade fica seguramente abalado, pelo menos nos países, e não são poucos, que, olhando à sua dimensão, ficam mais inquietos com o futuro, e com a validade da prudência que terá inspirado a decisão de aderir ao projecto.
Também é inquietante não ter ocorrido aos decisores, que envolvem de nebulosidade as responsabilidades partilhadas, que não é um argumento, é antes uma ameaça, declarar que o caso de Chipre é excepcional e não se repetirá em relação a qualquer outro membro da União, porque fica de pé o direito a usar a excepcionalidade.
Neste caso, os motivos do alarme dos cidadãos talvez resultem fundamentalmente da volumosa crónica de erros sobre as previsões, as prospectivas, e as promessas falhadas que povoam o trajecto da União, cada vez mais afastada dos textos legais e mais submissa a sinais de directório de lamentável memória.
Passar de credibilidade sem mácula pelos acidentes desta crónica é um milagre que nenhum responsável pode esperar. O facto é que o valor da confiança, nas lideranças que existem, nos textos legais, nos valores do projecto que sarava as feridas profundas das guerras civis do espaço europeu, está perigosamente abalada, sendo cada vez mais evidente que estão a ressuscitar, sem projecto, o limes romano, separando a Europa rica da Europa atingida pela pobreza.
A nova fronteira a norte do Mediterrâneo, mostra que o número de Estados e povos atingidos já é mais do que suficiente para exigir um comportamento de maior autenticidade na aplicação dos projectos e dos tratados em vigor, tornando evidente, para ambos os lados dessa fronteira, que o falhanço do regionalismo europeu trará consigo a perda da importância da voz europeia no mundo. Tendo ainda de lamentar-se a imprudência de não ter em conta a situação inquietante do próprio Mediterrâneo, e a área sensível onde está situado Chipre, para apenas se inquietarem com o facto de lhe ser imputada a facilidade com que protegem capitais estrangeiros, incluindo a lavagem de dinheiro, tudo coisas essas que a União deveria especificamente combater, porém sem limitar as suas decisões às finanças de apenas um Estado parceiro, para se preocupar com o facto de que em todos os Estados europeus, sem distinção de tamanho, existem pessoas, que constituem povos, que são parte da Europa em perda de conceito estratégico.

segunda-feira, 18 de março de 2013

RÁDIO CLUBE DE MOÇAMBIQUE - FUNDADO FAZ HOJE 80 ANOS!



O Rádio Clube de Moçambique (RCM) foi fundado em Lourenço Marques a 18 de Março de 1933, com o nome de Grémio dos Radiófilos - faz hoje 80 anos.

Á data da sua transformação na actual Rádio Moçambique, o RCM tinha os seguintes Canais:

- Programa "A" em Português, 24 horas por dia, em Ondas Curtas e Médias;

- Programa "B": em Inglês e Afrikaans, 24 horas por dia, em Ondas Curtas e Médias;

- Programa "C", em Português, das 18h30 às 23h00, em Onda Média e Frequência Modulada (FM);


- Programa "D", em Português, em três períodos de emissão, em Onda Média e que transmitia também o programa da Rádio Universidade às segundas, quartas e sextas, das 22h00 às 24h00;


- A Voz de Moçambique, em Ronga, Shangane e Português, 24 horas por dia, em Ondas Curtas e Médias;


- Emissores Regionais, em Português e línguas locais, em Ondas Curtas e Médias, situados em Nampula, Quelimane, Porto Amélia, Vila Cabral, Tete, Beira, Vila Pery, Inhambane (Caixa Postal 196) e Xai-Xai.

sábado, 2 de março de 2013

NACIONALIDADE DOS PAPAS

No momento em que o Papa Bento XVI se retira, vem a propósito dizer que este foi o 8.º Papa de nacionalidade alemã, de uma longa lista de 265 chefes da Igreja Católica Apostólica Romana.
Os italianos estão em grande maioria, porque somam 180 Papas, seguidos dos provenientes do Império Romano - 47 - e de 18 franceses.
Portugal teve um Papa (João XXI), que teve um pontificado breve, de 20 de Setemb...
ro de 1276 a 20 de Maio de 1277.
Mas Portugal pode ter tido dois, se considerarmos que Dâmaso I nasceu em território que viria a ser português (em Guimarães ou em Idanha a Velha). Foi eleito no ano de 366 e faleceu em 384.
De África vieram três Papas:
- Vitor I, de 189 a 199, da Tunísia;
- Melquíades, de 310/311 a 314, do Norte de África;
- Gelásio I, 492 a 496, também de origem africana.
Há mais de 1500 anos que não há um Papa Africano. Será agora?

VATICANO - RÁDIO E TELEVISÃO


VATICANO TV

 Com os acontecimentos que se esperam no Estado da Santa Sé, o Mundo está com os olhos postos na Praça de São Pedro.

 A Televisão do Vaticano transmite em direto todos os factos importantes, que se passam naquele Estado.
 Em permanência, aquela TV mostra apenas a Praça de São Pedro.

 Para veres, por favor clica em
http://player.rv.va/vaticanplayer01.asp?language=it&visual=VideoNews



RÁDIO VATICANO
Por sua vez, a RÁDIO VATICANO está acessível em cinco canais, sendo o n.º 5 o programa local de Roma e Lazio em FM e Onda Média, EM LÍNGUA ITALIANA, 24 horas por dia. Podes selecionar o teu canal em